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Nada ficará igual

Artigo de opinião de Carla Tavares, Deputada do PS eleita pelo círculo eleitoral de Aveiro, na edição do Acção Socialista Digital de 31 de Outubro de 2017.

Desde o dia 17 de junho de 2017, o país tem estado como que anestesiado, quase em estado “zombie”, sem perceber bem o que nos aconteceu a todos. Sim, a todos. Na verdade, a tragédia de Pedrógão Grande não afetou só o centro do país, nem tão pouco apenas os familiares e as 64 vítimas mortais dos terríveis incêndios daqueles dias, afetou-nos a todos, pois alterou-se, e em muito, a nossa imagem de segurança.

Depois de 17 de junho, a verdade é que nos sentimos todos mais vulneráveis. Os dias que se seguiram, que deviam ter sido de luto, de reflexão, de recato, foram um desfilar de acusações, de gritaria, de insultos. E quando as feridas começavam já a sarar, quando se começavam a delinear soluções, quando o país, aos poucos, dava alguns passos em frente, a 15 de outubro, tudo se repetiu. E repetiu-se ainda de forma mais devastadora, com mais força, e voltou a haver mortes. Perderam a vida nos incêndios de 15 e 16 de outubro, até à presente data, mais 44 pessoas. E se este número não foi maior, tal deveu-se em parte aos ensinamentos que a tragédia de Pedrógão Grande nos trouxe. Ainda assim, morreram mais 44 pessoas. E voltou o desfile de emoções, os dedos em riste, a falta de respeito pelos que perderam a vida e seus familiares e amigos. Mais uma vez, em vez de as atenções estarem centradas nas vítimas e no sofrimento causado pela tragédia, acabaram por estar centradas nos que, com os órgãos de comunicação atrás, de cara fechada e voz grave, apareceram de dedo em riste a exigir culpados. Não exigiam explicações, não exigiam soluções, não exigiam sequer o respeito pelo sofrimento das vítimas, exigiam sim culpados. E fizeram-no, apenas como arma de luta partidária. E usaram sem pudor a tragédia e o sofrimento alheio.

Na passada semana, foi discutida e votada em Plenário da Assembleia da República uma Moção de Censura ao Governo. Foi chumbada. O que  se pode exigir ao Governo, é a análise do que se passou, para que nunca mais volte a acontecer. Algo mudou nos últimos anos, e só não o reconhece quem insiste em não querer ver. Mesmo à noite, as temperaturas continuam elevadas. Isto é sério.

Depois destes incêndios, sentimo-nos todos mais vulneráveis. O nosso conceito de segurança foi afetado. O conceito de incêndio de verão deixou de ser apenas florestal, e todos percebemos agora que a força destes incêndios era tal que, por mais meios que houvesse, nada a podia parar. É isso que nos dizem aqueles que assistiram a tudo: “Foi algo como nunca vi…”, “Por mais meios que houvesse, nada o (o fogo) podia parar”. Os fogos chegaram às aldeias, às vilas, às cidades. Entraram pelas nossas casas adentro, e o cheiro a queimado ficou entranhado nas nossas roupas, os nossos olhos passaram a ver cinzento onde antes viam verde. Já nada será como antes. É mais que tempo de muita coisa mudar. Para que não se volte a repetir.

11/2/2017
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