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| Reestruturar para salvar o euro
Artigo de opinião de Pedro Nuno Santos no jornal "i"
Em dois artigos, “Why early sovereing default could save the euro” e “Only big debt restructuring can save the euro”, Harald Hau e Ulrich Hege, professores de economia e finanças, no primeiro dos dois artigos, e Willem Buiter, economista chefe do Citigroup, no segundo, explicam porque é que só a reestruturação das dívidas soberanas de vários países da zona euro poderá salvar o próprio euro.
De facto, muitos dos que se opõem a uma reestruturação da dívida soberana, mesmo que negociada com nos nossos credores, invocam como argumento a defesa do euro. Como estes dois artigos, escritos por três economistas insuspeitos de serem perigosos radicais, mostram, a recusa em encetar um “honrado” processo negocial com vista à diminuição dos encargos nacionais com o serviço da dívida, porá em causa a própria sobrevivência do euro. A renegociação do memorando de entendimento e da dívida pública poderá colocar Portugal numa trajetória sustentável. Enquanto que a recusa em fazê-la, não a evitará.
Apenas a atrasará. Com todos os problemas que esse atraso implica em matéria de destruição de emprego e de empresas. O aumento da dívida pública e a espiral recessiva que a receita do governo e da troika só agravou, estão a empurrar Portugal para fora do euro. O país não poderá deixar de responsabilizar a direita e a troika por esse facto se ele vier a ocorrer. A demora em encetar um processo negocial com vista à redução do fardo com o serviço da dívida está a destruir desnecessariamente emprego e empresas.
Quando a reestruturação da dívida vier a acontecer, o país não poderá deixar de responsabilizar quem atrasou por tanto tempo o inevitável. Provocando por essa via custos dramáticos mas evitáveis, em matéria de sofrimento humano. A inteligência e a sensatez exigem a um governo a capacidade para defender a revisão e a alteração de uma receita que falhou. Não o fazer é irresponsável e criminoso.
Pedro Nuno Santos
10/24/2012
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